PHDA

A Perturbação de Hiperatividade e/ou Défice de Atenção (PHDA) é uma alteração neurobiológica, caracterizada por um padrão persistente de desatenção e/ou impulsividade/hiperatividade, que normalmente se instala na infância, sendo inconsistente com a fase de desenvolvimento da criança, afetando de forma significativa o seu funcionamento. Muitas vezes, esta patologia surge associada a outras perturbações comórbidas.

É uma condição tipicamente crónica, cujo diagnóstico implica que os seus sintomas nucleares (défice de atenção, hiperatividade e/ou impulsividade) se apresentem:

  • desde tenra idade: antes dos 12 anos.
  • com uma intensidade e frequência maior do que o normal para a idade e o estágio de desenvolvimento da criança.
  • que interfiram ou piorem significativamente o desempenho da criança em duas ou mais áreas da sua vida: escola, família e social.
  • não seja causado por outro problema médico, tóxico, medicamento ou outro problema psiquiátrico.

Dados epidemiológicos indicam que aproximadamente 2-7% das crianças dos três aos cinco anos de idade têm PHDA. A Academia Americana de Pediatria tem sugerido que a PHDA pode ser diagnosticada em crianças a partir dos quatro anos de idade. Intervenções não farmacológicas devem ser a primeira linha de tratamento em crianças em idade pré-escolar.

Diferentes Apresentações

Os principais sintomas da PHDA são independentes uns dos outros. Nem todas as crianças com a perturbação apresentam os mesmos sintomas ou com a mesma intensidade. Isso quer dizer que uma criança com PHDA pode manifestar apenas um desses três sintomas. Da diversidade de manifestações da PHDA, podem ser diferenciadas três apresentações de acordo com a 5ª Edição do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-5):

Apresentação predominante de desatenção
  • O comportamento predominante é o défice de atenção (mais frequente entre as meninas)
Apresentação predominante de hiperatividade/impulsividade
  • O comportamento predominante é a hiperatividade e/ou impulsividade
Apresentação combinada de hiperatividade/impulsividade e défice de atenção
  • Apresentam os três sintomas nucleares (défice de atenção, hiperatividade e impulsividade)

Prevalência da PHDA

A prevalência de uma perturbação refere-se à frequência da sua apresentação na população geral. A PHDA é uma das perturbações psiquiátricas mais frequentes em crianças, ficando acima de outras, como esquizofrenia ou perturbação afetiva bipolar.

A PHDA afeta 5-7% das crianças e adolescentes no mundo. Cerca de 50% das crianças continua a cumprir critérios de PHDA enquanto adultos. A prevalência não varia com a localização geográfica ou cultura e manteve-se estável nos últimos 30 anos.

Origem

Dado a complexidade da PHDA, não se consegue identificar uma causa única. A sua origem é, assim, multifatorial, parecendo resultar da interação de múltiplos fatores de risco, principalmente genéticos e ambientais. Consideram-se fatores ambientais da PHDA o traumatismo cranioencefálico na infância, infeções do sistema nervoso central, prematuridade, encefalopatia, baixo peso ao nascer, consumo de substâncias tóxicas como álcool ou tabaco durante a gravidez, entre outras. Os fatores genéticos têm uma influência preponderante na PHDA – hereditariedade de 70-80%.

Estudos demonstram que membros da mesma família de pessoas com PHDA têm um risco cinco a dez vezes maior de desenvolverem a patologia em comparação com a população geral.

Comorbilidades

Quando dizemos que a PHDA frequentemente ocorre com outros transtornos comórbidos, referimo-nos a que a PHDA em muitas situações não ocorre isoladamente, mas aparece junto com outros distúrbios psiquiátricos. Isso é verdade em 70% dos casos de PHDA.

No diagnóstico de PHDA é importante notar que, na maioria dos casos, a PHDA não existe isoladamente, mas sim em associação com outras perturbações psiquiátricas, que designamos de comorbilidades. 50 a 90% das crianças com PHDA apresentam, pelo menos, uma condição comórbida e aproximadamente metade de todas as crianças apresentam pelo menos duas comorbilidades. As comorbilidades mais frequentes incluem a Perturbação de oposição e desafio, Perturbação do comportamento, Perturbação de ansiedade, entre outras

Quando a PHDA está associada a outras perturbações, o diagnóstico é frequentemente mais complicado, a evolução piora e a resposta ao tratamento é menor, havendo um impacto adicional na qualidade de vida.

Alguns sinais de alerta da PHDA

  • Problemas com a organização de tarefas (dificuldades na organização do tempo, falha de compromissos, projetos frequentemente atrasados ou inacabados).
  • Desempenho escolar errático.
  • Problemas com o controlo da raiva.
  • Dificuldade em manter sono organizado.

  • Problemas aditivos como abuso de substâncias, consumo alimentar excessivo ou jogo patológico.
  • Acidentes frequentes quer por imprudência quer por desatenção.
  • Ter familiar direto com diagnóstico de PHDA.
  • Dificuldade em completar tarefas escolares.
  • Baixa auto-estima.

Referências:

American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. 5th Edition. DSM-5. 2013.

Polanckyz GV, et al. ADHD prevalence estimates across three decades: an updated systematic review and meta-regression analysis. Int J Epidemiol. 2014 Apr;43(2):434-42.

Willcut EG. The prevalence of DSM-IV attention-deficit/hyperactivity disorder: a meta-analytic review. Neurotherapeutics. 2012 Jul;9(3):490-9.

Lara C, et al. Childhood predictors of adult attention-deficit/hyperactivity disorder: results from the World Health Organization World Mental Health Survey Initiative. Biol Psychiatry. 2009 Jan 1;65(1):46-54.

Faraone, S., Asherson, P., Banaschewski, T. et al. Attention-deficit/hyperactivity disorder. Nat Rev Dis Primers 1, 15020 (2015).

CADDRA. Canadian ADHD Practice Guidelines 4.1 Edition. 2020

https://adhd-institute.com/burden-of-adhd


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